Menos, bem menos: A análise de Brasil x Bélgica

Thiago Silva dá de coxa na bola, e ela bate na trave de Courtois Foto: Murad Sezer / Reuters
Foto: John Sibley/ Reuters
Menos de quatro horas depois de mais um fiasco brasileiro em Copa do Mundo, a mídia esportiva já aponta culpados pela derrota frente a Bélgica em Kazan pelas quartas-de-final do mundial disputado na Rússia.

Em um primeiro tempo onde a seleção brasileira mostrava dificuldade em entrar na defesa belga, a "excelente geração" de jogadores europeus abriu dois gols de vantagem em cerca de trinta minutos. Tudo bem, o primeiro gol contou com a colaboração do atleta Fernandinho, mas tudo indicava que a sorte não estava do nosso lado. Bem, minutos antes do primeiro gol da Bélgica, o atleta Thiago Silva mandava a bola na trave depois de uma finalização "sem querer" com a coxa.

Thiago Silva acerta a trave e assusta o goleiro Courtois. Foto: Murad Sezer/Reuters
Mesmo com o susto, a equipe comandada por Tite não se abateu e nos minutos seguintes buscou o empate com ataques liderados por Neymar e Coutinho com Marcelo apoiando pela esquerda. Apesar de todo o esforço canarinho, os "Diabos Vermelhos", como os belgas gostam de chamar sua seleção, conseguiram segurar as pontas com importantes defesas de Thibaut Courtois e uma zaga impecável formada por Kompany, Alderweireld e Vertonghen.



Thiago Silva dá de coxa na bola, e ela bate na trave de Courtois Foto: Murad Sezer / Reuters
De Bruyne amplia para a Bélgica em contra-ataque letal. Foto: Buda Mendes/ Getty Images
Em um contra-ataque originado de um escanteio mal cobrado pelo Brasil, os belgas mostraram ser impiedosos e um dos craques do time, Kevin De Bruyne, ampliou não só o placar mas como o nervosismo nos brasileiros. Nos minutos finais da primeira etapa, a Seleção Brasileira sofreu dos mesmos problemas com a defesa europeia e com um Gabriel Jesus, novamente, apagado, o primeiro tempo acabou com o placar de 2 a 0 para a Bélgica.

Precisando correr atrás do prejuízo, o técnico Tite voltou ao segundo tempo com o atleta Roberto Firmino no lugar de Willian. Jogando em um 4-4-2 com Firmino e Neymar na frente, Gabriel Jesus foi deslocado para a ponta direita. Bastante estranho para uma camisa 9 que chegou com ares de "matador". Mas a equipe voltou melhor, sem dúvidas. Em poucos minutos, a seleção brasileira criou diversas chances, porém, não conseguiu o gol.

Depois dos dez minutos da etapa complementar, Tite optou pela entrada de Douglas Costa, que já havia feito um bom jogo contra a Costa Rica na segunda rodada, no lugar de Gabriel Jesus. Jesus, que minutos antes havia reclamado de um pênalti em uma jogada pela direita, mostrou novamente ser um jogador apático. Em relação ao pênalti, os árbitros de vídeo revisaram o lance e depois de minutos de discussão na cabine o árbitro Mirolac Mazic, da Sérvia, foi orientado a dar sequência ao jogo.

Douglas Costa entrou e botou fogo no jogo. Logo nas suas primeiras investidas, o jogador da Juventus fez bagunça na área belga e chutou em direção a Courtois - que rebateu e Paulinho, desatento, não aproveitou. Mesmo sofrendo com os contra-ataques belgas, que, dessa vez, não resultaram em gols, o Brasil mostrava outra postura e, novamente, Douglas Costas testava o goleiro do Chelsea com chutes de fora da área.

Aos 31 minutos do segundo tempo, o gol brasileiro saiu! Renato Augusto, que havia entrado no lugar de Paulinho minutos antes, se infiltrou no meio de Kompany e Vertonghen e cabeceou para o fundo do gol. Para uma Bélgica que "cozinhava" o jogo e apostava em contra-ataques esporádicos, o gol trouxe tensão para os quinze minutos finais. Destaque para mais uma assistência de Coutinho, que lembrou o passe para o gol de Paulinho contra a Sérvia ainda na fase de grupos.

A Bélgica pareceu sentir o gol nos minutos seguintes e o Brasil esteve perto de empatar, mas os erros nas finalizações foram cruciais para a derrota brasileira. Renato Augusto, Coutinho, Douglas Costa, Neymar, enfim, todos tiveram chances e nenhum botou a bola para dentro. O jogo terminou, praticamente, com uma defesa sensacional de Courtois depois de cinquenta minutos de pressão da equipe canarinho.

Os belgas avançam para as semifinais. A primeira deles desde 1986, quando a copa foi disputada no México. Para nós, brasileiros, basta voltarmos a nossa rotina normal. Chega de folgas no trabalho por jogos, chega de festas em dias de semana, chega de Rumo ao Hexa por enquanto. Os números de finalizações enganam quem não viu o jogo, apesar de uma segunda etapa bastante consistente da equipe brasileira. A Bélgica não se perdeu em campo em nenhum momento, as nossas finalizações não assustaram tanto Courtois e a classificação foi merecida.

Chegamos ao momento em que expresso-me através de notas e de sentimentos que senti durante e após a partida. Como é o primeiro artigo do blog, gostaria de explicar que minhas notas variam de 6.0 (de forma padrão) até 10.0 para cada jogador. Em casos de partidas desastrosas ou até mesmo de partidas nem tão boas, o 6.0 padrão pode ser diminuído até, em casos extremos, 0.0. Acho que deu para entender, não é?

BRASIL
1 - Alisson (6.5)
22 - Fagner (7.0)
2 - Thiago Silva (7.0)
3 - Miranda (7.5)
12 - Marcelo (6.5)
17 - Fernandinho (6.0)
15 - Paulinho (6.5) [Substituído por Renato Augusto aos '71 (7.0) (Gol aos '75)]
11 - Philippe Coutinho (7.0)
10 - Neymar (6.5)
19 - Willian (6.0) [Substituído no intervalo por Roberto Firmino (6.5)]
9 - Gabriel Jesus (6.0) [Substituído por Douglas Costa aos '57 (7.5)]

BÉLGICA
1 - Courtois (7.5)
2 - Alderweireld (7.0)
4 - Kompany (7.0)
5 - Vertonghen (7.0)
6 - Witsel (6.5)
8 - Fellaini (6.5)
15 - Meunier (7.0)
22 - Chadli (6.5) [Substituído por Vermaelen aos '82]
7 - De Bruyne (7.5) [Gol aos '31]
9 - Lukaku (7.5) [Substituído por Tielemans aos '86]
10 - Hazard (8.0) [MELHOR EM CAMPO]

Queria destacar alguns jogadores acima que eu acho que merecem ter suas atuações avaliadas separadamente.

MIRANDA - O capitão brasileiro em campo, Miranda, talvez, fez seu último jogo em uma Copa do Mundo nesta Sexta-feira (06). O zagueiro da Internazionale não teve muito o que fazer nos dois gols da Bélgica e conseguiu neutralizar Romelu Lukaku na forma que deu. Miranda tem 33 anos idade e na próxima Copa do Mundo, em 2022, terá 37. Após o jogo, o paranaense declarou que a seleção brasileira tem jovens que poderão ainda ser campeões mundiais, deixando em dúvida seu futuro com a amarelinha.

FAGNER - O lateral direito do Corinthians fez uma Copa do Mundo consistente, isso é fato. Hoje ele teve a dura missão de parar Hazard e, conseguiu no segundo tempo, mas os espaços que o craque do Chelsea conseguia pelos lados, eram quase mortais ao Brasil. Com uma deficiência na lateral direita brasileira, na questão de jogadores para seleção, claro, Fagner pode ter garantido seu lugar cativo como o substituto de Daniel Alves. Agora, na volta ao time paulista, Fagner terá a missão de comandar o setor que Mantuan terrivelmente atuou durante sua lesão e ida para a seleção.

MARCELO - Muito se fala em como Marcelo é um dos melhores jogadores do mundo, não só como o melhor lateral esquerdo do mundo. As comparações com Roberto Carlos são feitas diariamente e, infelizmente, o atleta carioca não deu muitos motivos para elogiá-lo durante a Copa. Marcelo fez jogos consistentes na sua participação mas esperava-se mais. No jogo contra Bélgica, o atleta do Real Madrid teve vários erros e um deles, onde não partiu para cima de De Bruyne na jogada do segundo gol belga, deixou a seleção em problemas.

FERNADINHO - Considerado por muitos o culpado pela derrota frente a Bélgica, Fernandinho realmente não fez um jogo bom em Kazan. Diversos erros bobos, um gol contra e falhas de finalização, marcação, etc., deixaram as futuras convocação do atleta do Manchester City em cheque. Um dos jogadores que estiveram em campo no fatídico 7 a 1 para a Alemanha, Fernandinho que teve a missão de substituir Casemiro, falhou, e, novamente, sai de campo eliminado pela seleção.

Thiago Silva dá de coxa na bola, e ela bate na trave de Courtois Foto: Murad Sezer / Reuters
Neymar tem atuação apagada e Brasil é eliminado pela Bélgica. Foto: Reuters
NEYMAR - Notaram o quão pouco Neymar foi citado neste longo artigo? Pois é, a atuação de Neymar nesta Sexta-feira foi esquecível. Mesmo tentando criar jogadas pela esquerda e pelo meio de campo, o craque brasileiro foi "colocado no bolso" por Fellaini e Meunier. O que me chama a atenção em relação ao atleta do Paris Saint-Germain é o quão displicente um atleta na Copa do Mundo pode ser ao utilizar a concentração de um jogo tão importante quanto este para divertir-se em jogos online, e, até mesmo, mandar vídeos para apresentadores de televisão, como foi visto algumas semanas atrás. Em 2022, Neymar, provavelmente, terá uma nova chance de ir para a Copa do Mundo, sua terceira, e será que o ditado "the third time is the charm" se encaixará ao camisa 10 da seleção brasileira?

GABRIEL JESUS - O jovem atleta do Manchester City, campeão inglês na última temporada, chegou a Rússia como a principal esperança de gols do Brasil. Um camisa 9 "raiz" que sofreu por anos acompanhando a seleção pela televisão e agora tinha a chance de fazer seu nome. Falhou. Quem sofreu, desta vez, fomos nós com as esquecíveis atuações de Gabriel Jesus. E ao invés do Jardim Peri, o atleta acompanhou a seleção de dentro de campo sem conseguir fazer muita coisa. Com Firmino pedindo passagem na equipe de Tite e com a responsabilidade em Manchester, Gabriel Jesus terá que se esforçar muito para ir ao Catar disputar um novo mundial.

Thiago Silva dá de coxa na bola, e ela bate na trave de Courtois Foto: Murad Sezer / Reuters
Kevin De Bruyne, o "Homem do Jogo", pela FIFA. Foto: John Sibley/ Reuters.
DE BRUYNE - A FIFA escolheu De Bruyne como o "Homem do Jogo" nesta Sexta-feira. E, bem, o atleta não teve muitas oportunidades e nem criou tantas jogadas para tal. Claro, ele marcou o gol belga mas não foi o bastante para receber esse título. Agora, De Bruyne tem a França pela frente em uma das semifinais e será interessante vê-lo contra Varane e Umtiti.

Eden Hazard comemora a classificação belga em Kazan. Foto: AFP/ Getty Images.
HAZARD -  O homem que desequilibrou o jogo. Ele não marcou gols, tudo bem, mas as investidas do craque belga bagunçaram a defesa brasileira em diversos momentos. Se não fosse pelas boas atuações de Miranda e Thiago Silva, a Bélgica poderia ter feito três ou quatro gols e este homem seria responsável por comandar com maestria a, agora, semifinalista.

Thiago Silva dá de coxa na bola, e ela bate na trave de Courtois Foto: Murad Sezer / Reuters
Foto: Sergio Perez/ Reuters
Para terminar, gostaria de utilizar as palavras do jornalista Mauro Cézar Pereira: "O brasileiro ainda não aprendeu com o 7 a 1". Não somos os melhores do mundo, ainda, e temos que batalhar muito para chegar a uma decisão de Copa do Mundo em 2022. Vitórias contra Bolívia, Venezuela, Áustria e Croácia são importantes sim, mas não é o bastante. O brasileiro precisa aprender com os erros e ser realista com a equipe que temos. Não é um "Canarinho Pistola", não é um "Torcedor Psicopata" e nem bebedeiras de jogadores que trarão a taça de volta ao nosso país. Será o futebol e isto, novamente, está em falta.

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